AUTORES
Paolo Alessandro Rodrigues Sartorelli, Eduardo Malta Campos Filho, Andre Luiz Dadona Benedito, Alexandre Bonesso Sampaio, Ana Paula de Morais Lira Gouvêa
A princípio esse guia seria concebido para as espécies invasoras do estado de Mato Grosso, mas com a divulgação e conversando com atores de diversos meios da restauração ecológica, decidimos aumentar sua abrangência, pois o problema de espécies invasoras é comum a várias unidades federativas. Vale ressaltar que estamos tentando focar nos estados que são ocupados pelo agronegócio brasileiro, onde há grande demanda de restauração de ecossistemas.
A restauração florestal no Brasil tem diversos desafios, como aumentar a escala, a disponibilidade de insumos (sementes e mudas) e de leis que façam o produtor cumprir seu dever com a restauração. Outro grande desafio da restauração que envolve pesquisadores, produtores e restauradores práticos é a correta identificação das espécies que estão nas áreas em processo de restauração.
No Brasil há 7 biomas, mais de 100 fitofisionomias (tipos de vegetações) e cerca de 12 mil espécies vegetais reconhecidas. Identificar a vasta e rica flora brasileira, mesmo em áreas de restauração com uma riqueza menor (com menos espécies), é uma tarefa difícil, pois requer um conhecimento botânico de campo e tem um custo alto. As dificuldades e o alto custo que a atividade de identificação de espécies nativas apresenta podem ser facilmente contornados pela adoção de morfotipo, como a resolução da SMA no 32, de 3 de abril de 2014, da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, e a Lei Complementar no 592, de 26 de maio de 2017 do Estado de Mato Grosso. O simples agrupamento das espécies em Morfotipo 1, Morfotipo 2 e Morfotipo N já traz uma noção de riqueza, mesmo que não haja por hora a identidade da espécie. O problema maior são as espécies que não pertencem à flora brasileira ou que invadiram e se adaptaram aos nossos diferentes climas e solos.
Saber identificar essas espécies que causam danos à restauração é de fundamental importância para o correto manejo da restauração e para atender às leis regionais, bem como entender os processos em curso da área. Portanto, esse é um guia com foco em espécies vindas de outros mundos e que podem causar algum dano ou engano no processo de restauração. Deste modo, pensamos em um guia prático e on-line para que o restaurador tenha uma ferramenta em mãos que sirva ao correto diagnóstico ambiental (recomendação de técnica) até o monitoramento sequencial das áreas de restauração.
Parte deste guia foi construída por meio de comunicação pessoal, ouvindo diversos autores, pesquisadores e instituições. Também nos baseamos em literaturas importantes e indispensáveis – como Plantas daninhas do Brasil, de Harri Lorenzi, Guia de Gramíneas do Cerrado, de Oliveira et al. (2017) e Manual de plantas infestantes, de Moreira e Bragança (2011) – bem como em artigos artigos científicos relacionados ao tema. Os dados de ocorrência, domínio e hábitat presentes nas fichas, foram retirados da base de dados Flora do Brasil 2020, uma das mais importantes ações brasileiras na área da botânica. “Este marco para a botânica brasileira só foi possível devido ao empenho de mais de 400 taxonomistas, brasileiros e estrangeiros, que trabalharam em uma plataforma, onde as informações sobre a nossa flora eram incluídas e divulgadas em tempo real” (do site da Flora do Brasil). A todos esses botânicos nosso muito obrigado, sem eles este livro não seria o mesmo.
Esperamos que as informações reunidas neste guia sejam de grande utilidade.
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Guia: Guia de Plantas não desejáveis na restauração florestal