A demanda por restauração ecológica está crescente para atender a regularização ambiental, compromissos governamentais e corporativos, projetos de carbono e outras iniciativas para lidar com mudança do clima, perda da biodiversidade e irregularidades nos regimes hídricos. A semeadura direta é uma metodologia de restauração ecológica que usa grandes quantidades de sementes de espécies nativas e de adubação verde, e consegue gerar, além do interesse crescente por questões ambientais, benefícios econômicos com ganho de escala e, principalmente, ganhos sociaisais associados à restauração que são cada vez mais reconhecidos e desejados. Dentro desse contexto, antes da restauração acontecer com uso do método da semeadura direta, existe uma etapa fundamental que é a coleta e beneficiamento das sementes nativas, que é fundamentalmente feita por organizações de base comunitária também conhecidas como redes de sementes.
A comercialização das sementes nativas é feita por cada uma das redes e associações de coleta e também de forma coletiva, por meio do Redário, a rede das redes de sementes. A venda de sementes pelo Redário para empresas, ONGs e diversos projetos de restauração pelo país facilita para o comprador, que obtem variedade e quantidade desejada, e para as redes de sementes, com demanda – e renda – sendo distribuida entre vários grupos. Para organizar essa distribuição, as sementes provenientes de diversas redes de coletores e coletoras são reunidas em um mesmo local, onde são separadas nas quantidades específicas para cada projeto de restauraçãosendo um processo essencial para garantir o sucesso da semeadura direta. Nesse último ano a separação aconteceu Eem Pindamonhangaba, entre os dias 6 e 17 de novembro de 2023, coordenada pelo Redário em parceria com a Iniciativa Caminhos das Sementes e reuniu mais de 17 toneladas de sementes provenientes de 24 redes, destinadas a mais de 50 projetos de restauração.
A equipe da Agroicone, do Instituto Socioambiental (ISA) e da Rede de Sementes do Cerrado, que são também do Redário, desempenhou um papel fundamental nesse processo de separação e organização de sementes, juntamente com coletores da Rede de Sementes do Vale do Paraíba, “anfitriões” este ano. Isso porque a separação de sementes ocorreu em um galpão em Pindamonhangaba da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão do governo do estado de São Paulo, diferente dos anos anteriores onde havia ocorrido em Eldorado, no Vale do Ribeira. Pindamonhangaba fica no Vale do Paraíba, localização estratégica, e faz parte de uma parceria mais ampla do Redário e Caminhos das Semente com a APTA para realizar pesquisas com sementes nativas e o método de semeadura direta.
Como Aconteceu o Processo de Organização e Separação das Sementes?
A logística envolvida na separação das sementes foi planejada pela equipe, levando em consideração as experiências dos anos anteriores. Com a chegada de sementes de várias redes do Brasil, os lotes das mesmas espécies foram misturados e as quantidades foram separadas conforme a necessidade de cada projeto de restauração. Uma vez concluída a separação, as sementes foram despachadas por meio de frete para os respectivos destinos dos projetos. A TV Vanguarda documentou esse processo, destacando a importância dessa iniciativa para a conservação e recuperação da biodiversidade. Assista à matéria aqui.
A Importância da Assistência Técnica para Restauração Ecológica com Sementes
A escolha das espécies e das quantidades é fundamental para o sucesso da restauração com semeadura direta, garantindo que a área tenha uma mistura de espécies nativas certas para o local e com diferentes fases sucessionais. Junto com a adubação verde, essa mistura de espécies nativas, também conhecida como muvuca, deve ser plantada em local previamente preparado. A seleção das espécies pode ser feita por profissionais de restauração ecológica ou pode ser encomendado ao Redário, assim como para algumas redes de sementes que também fazem esse seriço de seleção de espécies dado o diagnóstico do local. Com uma boa mistura de sementes e assitência para preparo do solo, plantio e manutenção inicial as chances de sucesso da restauração aumentam consideravelmente.
Em uma propriedade rural, Fazenda Jaguará, localizada no município de Fernandópolis, Estado de São Paulo, a Agroicone deu assistência técnica para restaurar 16 hectares com semeadura direta. Na data do plantio, também mobilizou proprietários interessados em restaurar áreas por meio de um dia de campo que ocorreu em 28 de novembro de 2023, reunindo diversos participantes.
Durante o evento, foram abordados temas como muvuca de sementes, diagnóstico de área, planejamento, técnicas de plantio, seleção de espécies e quantidade de sementes, monitoramento e manejo. Os participantes tiveram a oportunidade de contribuir plantando sementes em covetas, experimentando diretamente o processo de restauração ecológica.
A Iniciativa Caminhos da Semente continua a mobilizar proprietários interessados, e um formulário está disponível para aqueles que desejam apoio para a restauração de áreas em suas propriedades. Acesse aqui.
As ações para estruturar a cadeia da restauração ecológica são importantes para aumentar eficiência, baixar custos e viabilizar ganhos de escala, ao mesmo tempo que a participação de diversas redes e organizações propicia beneficios sociais e compartilhados. A organização e separação de sementes, com logística bem-sucedida para todo país, contribui para restauração em escala e para geração de renda com base na conservação da biodiversidade.
Para saber mais sobre atuação da Agroicone com restauração com semeadura direta, acesse site da Iniciativa Caminhos da Semente
