Em um cenário marcado por juros elevados e instabilidade fiscal, o Plano Safra 2025/2026 reforça a tendência de destinar recursos subsidiados principalmente aos pequenos e médios produtores. Com R$ 594,4 bilhões em linhas de custeio e financiamento, o volume cobre aproximadamente metade das necessidades do agronegócio, o que pressiona a agricultura empresarial a buscar crédito privado, geralmente mais caro e menos acessível.
Leila Harfuch, sócia-gerente da Agroicone, foi uma das especialistas ouvidas pela reportagem do Setorial de Agronegócios do Valor Econômico. Segundo seus cálculos, houve uma queda de R$ 39,8 bilhões no crédito para custeio e de R$ 21,2 bilhões no crédito para investimento entre as últimas duas safras. “De forma geral, houve redução na alocação de recursos considerando todos os recursos do crédito rural, não apenas os subsidiados”, afirma.
Harfuch destaca ainda que a retração impactou sobretudo os produtores fora do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), o que amplia a dificuldade de acesso ao crédito para os grandes players do setor.
Com a Selic em 15%, a mais alta em nove anos, e incertezas sobre mudanças tributárias envolvendo instrumentos como LCAs, CRAs e Fiagros, o setor produtivo tende a enfrentar um ciclo mais conservador e desafiador com menos margem para erro e necessidade de reavaliar estratégias financeiras.