Em entrevista ao AgFeed, Rodrigo Lima, sócio-diretor da Agroicone, compartilhou suas perspectivas sobre a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025. Com mais de 20 anos de experiência em negociações climáticas internacionais, Lima adotou uma postura cautelosa em relação às expectativas para o evento.
Ele destacou que a COP30 servirá como um importante campo para discussões, mas as decisões finais sobre as atualizações das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) devem avançar apenas na COP31, em 2026. Lima também expressou ceticismo em relação ao fundo voluntário de US$ 500 bilhões prometido por países desenvolvidos, sugerindo que o Brasil pode receber uma parcela limitada, focada principalmente em projetos de conservação florestal. A prioridade dos países ricos será as nações pequenas da África e da Ásia.
Além disso, o Lima ressaltou que a agenda do setor agropecuário na COP30 deve priorizar o anúncio das NDCs de cada país, conforme previsto no portal online criado durante a COP27, realizada no Egito. Ele também enfatizou que uma decisão que será importante na COP30 são os indicadores de adaptação.
“A gente teve lá a meta global de adaptação aprovada na COP28, em Dubai, e está se negociando indicadores de adaptação para orientar as partes dentro da implementação das suas políticas nacionais de adaptação. O Brasil mesmo está construindo a sua política de adaptação atualizada“, pontua.
Ao ser questionado se o financiamento climático terá mudanças com o anúncio do governo dos EUA de ratificar a saída do Acordo de Paris, Lima comenta que, apesar dos efeitos Trump e outros bancos terem saído da aliança dos bancos “net zero” sinalizar um arrefecimento por dar financiamento climático, ainda é cedo para dizer que os bancos não vão mais financiar a transição energética.
“Isso é um negócio, isso é dinheiro, são projetos e investimentos e isso é carbono como um co-benefício. Os bancos multilaterais ofereceram, de financiamento climático, US$ 125 bilhões em 2023. Pensando nesse roadmap que vão ter que construir ao longo do ano para chegar a Belém com alguma coisa, tenho um sentimento que essa diversificação de fontes tem nos bancos multilaterais uma fonte muito interessante de recursos. Eles vão continuar financiando projetos de transição energética”, destaca.
A COP30 representa mais um passo na longa jornada das negociações climáticas, e o Brasil tem um papel fundamental a desempenhar. A Agroicone continuará acompanhando e contribuindo para esse debate, buscando soluções que integrem desenvolvimento econômico, conservação ambiental e inclusão social.