A transição energética na aviação já começou. Países como Estados Unidos, membros da União Europeia e nações da Ásia estão mobilizando bilhões em incentivos fiscais, subsídios e regulação para viabilizar a produção e o uso do SAF (Sustainable Aviation Fuel), o combustível sustentável que deve substituir os fósseis no setor aéreo.
O Brasil tem base agrícola sólida, capacidade instalada para produção de biocombustíveis e uma matriz energética com baixa emissão de carbono. Esse conjunto de fatores oferece vantagens reais para participar da nova economia de baixo carbono. No entanto, o país ainda não estruturou políticas públicas específicas, nem uma estratégia industrial voltada ao SAF.
Em artigo publicado no Reset, Rodrigo Lima, sócio-diretor da Agroicone, e Fabrizio Panzini, diretor de Políticas Públicas da Amcham Brasil, alertam que o Brasil pode perder espaço se não agir de forma coordenada para ocupar uma posição estratégica na cadeia de valor do SAF.
“Enquanto o mundo industrializa o SAF, o Brasil corre o risco de repetir o erro histórico: exportar matéria-prima e importar valor,” afirma Rodrigo Lima.
Para reverter esse cenário, é necessário construir uma política industrial verde, estabelecer um marco regulatório claro para o SAF, garantir previsibilidade para investimentos e estimular parcerias entre o setor público e o setor privado. O país precisa transformar sua base produtiva em capacidade de gerar inovação, emprego qualificado e valor agregado.