Expedição Restauração e Sementes em SP conheceu experiências e potenciais da técnica de semeadura direta

Roteiro incluiu desde criação e operação de uma rede de coletores de sementes, até os plantios em diferentes estágios de desenvolvimento

A Iniciativa Caminhos da Semente e a Biomas promoveram uma Expedição por áreas restauradas através da semeadura direta no estado de São Paulo. O objetivo da empreitada, que reuniu cerca de 30 profissionais das áreas de restauração, políticas e negócios, foi explorar a fundo os benefícios sociais, econômicos e ambientais que o uso da técnica proporciona, além da troca de conhecimento e experiências entre os participantes de empresas, governos e sociedade civil (Imagem 1).

Imagem 1: equipe e convidados da Expedição. De: Biomas.

A restauração ecológica em larga escala é uma solução importante frente aos desafios das crises climática e de biodiversidade, que também pode colaborar para geração de emprego e renda. Com a semeadura direta, as operações são mais simples e eficientes, com ótimos resultados ecológicos, e gera inclusão social de agricultores familiares e populações e comunidades tradicionais que coletam e comercializam as sementes nativas.

Entre os dias 4 e 6 de junho, a Expedição percorreu 1.300 km e visitou 3 fazendas que executaram restauração em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs), em atendimento às diretrizes previstas no Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) cuja revisão acaba de completar 12 anos. Em Espírito Santo do Turvo, a fazenda de laranja e pecuária estabeleceu parceria com a Iniciativa Caminhos da Semente, que fornece assistência técnica e as sementes, com o proprietário responsável pela execução das operações. Já foram 60 hectares restaurados nesse formato, sendo que o responsável da fazenda já incorporou o conhecimento para preparo de solo, plantio e manutenção (Imagem 1). No projeto da Iniciativa Verde, participante do Programa Nascentes do Governo do Estado de São Paulo, em Piracicaba, a floresta restaurada há 6 anos já está fechada e com aspecto muito similar a uma floresta nativa (Imagem 2).

Imagem 2: Vista aérea à esquerda de área restaurada com 3 anos e a direita área restaurada com 4 meses, em Espírito Santo do Turvo/SP. Crédito: Caminhos da Semente.

Já na Fazenda Santa Maria do Monjolinho, a restauração da RL está sendo feita desde 2012, ano a ano. Em área de transição de Cerrado e Mata Atlântica, é possível ver florestas com diferentes idades e estágios de desenvolvimento, proporcionando um panorama abrangente das práticas de restauração com semeadura direta. Nas áreas plantadas na última chuva e nos últimos anos, ainda há predomínio visual das plantas de adubação verde, com as plântulas das nativas embaixo, o que requer olho treinado para identificação. Nas áreas entre 5 e 12 anos, a floresta está formada, com árvores grandes, regenerantes e serrapilheiras (Imagem 3).

Imagem 3: Vista aérea mostrando as diferentes idades e estágios de desenvolvimento da vegetação, na fazenda Santa Maria do Monjolinho, São Carlos/SP. Crédito: Biomas

A Expedição também visitou o Grupo de Coletores do Vale do Paraíba, no assentamento Olga Benário, que apresentou o histórico de organização dos agricultores, evoluindo no número de espécies e quantidade coletada desde 2019. Com apoio da Iniciativa Caminhos da Semente e do Redário, o grupo vem se estruturando também na formalização e gestão e hoje já representa um importante complemento de renda e empoderamento para 60 agricultores familiares (Imagem 4).

Imagem 4: Visita ao grupo de coletores do vale do paraíba, Tremenbé/SP. Crédito: Caminhos da Semente.

A pesquisa científica também é elo fundamental da cadeia da restauração e por isso a Expedição visitou o Laboratório de Sementes e Mudas Florestais – LASEM, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O LASEM é referência em pesquisa aplicada para sementes nativas para restauração, com ampla interação com as redes de sementes. Desta forma, o conhecimento é rapidamente aplicado em protocolos de campo adequados à realidade dos coletores. Além disso, a conexão direta com restauradores traz novas perguntas para pesquisa, aumentando a velocidade e relevância do conhecimento gerado (Imagem 5).

Imagem 5: Visita ao Lasem, Sorocaba/SP. Crédito: Caminhos da Semente.

A troca de experiências com coletores de sementes, com o conhecimento científico e prático de especialistas, pesquisadores e extensionistas que estão na vanguarda da técnica de semeadura direta contribui para as organizações que tem metas de restauração, como a Biomas. A Expedição mostrou na prática a importância da atuação colaborativa com diversos atores, premissa fundamental da Iniciativa Caminhos da Semente e da Biomas.

SOBRE OS ORGANIZADORES

Iniciativa Caminhos da Sementerede de organizações com objetivo de dar escala à restauração ecológica no Brasil com foco no método de semeadura direta. Coordenada pelo Instituto Socioambiental (ISA) e Agroicone, a rede atua com capacitação, novos plantios, regulação, pesquisa e difusão de conhecimento.

Biomas – empresa de restauração de ecossistemas brasileiros. Criada como parte de um movimento do empresariado brasileiro, a organização tem como acionistas Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale.

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