Agroicone realizou webinar sobre desafios da agropecuária diante do Acordo de Paris

A Agroicone realizou, no dia 31 de maio, o webinar “A NDC brasileira no Acordo de Paris: como planejar políticas para uso da terra, agropecuária e energia renovável”, com o objetivo de lançar um debate sobre a importância de desenhar e planejar as políticas que o Brasil deverá colocar em prática para estimular ações e projetos que contribuam com a meta de reduzir 43% de emissões até 2030, submetida ao Acordo de Paris.

Esse debate ganha ainda maior relevância com a volta dos Estados Unidos ao Acordo de Paris e pelo compromisso assumido pelos países para alcançar a neutralidade das emissões até 2050.

Confira o vídeo na íntegra.

Participaram desse webinar Izabella Teixeira, copresidente do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU e ex-Ministra do Meio Ambiente; Fabiana Villa Alves, coordenadora-geral de Mudanças do Clima e Agropecuária Sustentável, do Departamento de Produção Sustentável, da SDI/ Ministério da Agricultura; Renato Domith Godinho, chefe da Divisão de Promoção de Energia do Ministério das Relações Exteriores; e Leila Harfuch, gerente geral da Agroicone.

O diretor geral da Agroicone, Rodrigo C. A. Lima, abriu o evento, que teve mediação da sócia e pesquisadora sênior da Agroicone, Laura Antoniazzi.

As tecnologias do Plano ABC+, a política pública para promover agricultura de baixa emissão de carbono no Brasil desde 2010 e que teve uma revisão recente para a segunda fase, até 2030, foram apresentados pela panelista Fabiana Villa Alves. Ela destacou a mudança de visão que a experiência do Plano ABC trouxe sobre sustentabilidade no campo. “As tecnologias escolhidas na criação do Plano ABC, há 10 anos, tinham o foco em mitigação e como programa à parte a adaptação às mudanças do clima. O que observamos nesses 10 anos de prática é que os resultados foram além da mitigação, por isso no ABC+ será mantido esse foco inicial, aliado agora a duas outras componentes, que são a adaptação e abordagem integrada da paisagem”, disse ela.

Renato Domith Godinho lembrou os questionamentos trazidos sobre sustentabilidade da bioenergia, relacionados a riscos de avançar em áreas de produção de alimento ou vegetação nativa. Ele comparou a abordagem sobre mudança indireta de uso da terra (denominada ILUC) de modelos internacionais como Corsia (para aviação civil) e Low Carb Fuel Standard (para etanol na California) com a política brasileira do RenovaBio. “Ao invés de assumir que vai acontecer a mudança indireta de uso da terra nessas proporções, por que a gente não trabalha com as políticas e as práticas corretas para evitar que isso aconteça? Não é negar, é trabalhar com as políticas públicas corretas para evitar que aconteça”, explicou ele.

Izabella Mônica Teixeira enfatizou que o Brasil está em atraso na agenda do clima por não apresentar um programa integrado para a fase de transição – entre 2020 e 2030 – para o novo cenário internacional a partir de 2030 até 2050. “Esse é o papel do Brasil porque mudança do clima é um tema irreversível, quer se goste ou não, a verdade é que nós vivemos os extremos climáticos, a ciência é afirmativa em relação a isso e a grande verdade é que o Brasil tem alternativas e não pode encarar a década de transição como a década do adiamento”. Por isso, ela enfatizou que o Brasil precisa acelerar políticas existentes para agricultura de baixa emissão de carbono e bioenergia.

Leila Harfuch fez uma apresentação sobre a contribuição da modelagem econômica no desenho de políticas públicas, com a experiência trazida pelo BLUM – Modelo de Uso da Terra para a Agropecuária Brasileira. Leila observou que, em um contexto de desafios da agricultura para reverter o ciclo vicioso de pobreza, baixa produtividade e degradação ambiental, é fundamental ser capaz de mensurar as diferentes interrelações entre setor agrícola e uso da terra, partindo de fatores econômicos que afetam decisões. Todavia, ela observa que “sem incentivos e políticas de comando e controle o mercado não se ajusta suficientemente para reduzir o desmatamento e implementar o Código Florestal”. Por esse motivo, para promover um ciclo virtuoso de produtividade com uso de tecnologias e conservação ambiental, são necessárias políticas públicas, que devem considerar a complexidade do setor e as condições econômicas desejáveis.

Após os panelistas, a Agroicone lançou o vídeo que celebra os 10 anos de criação do BLUM – Modelo de Uso da Terra para a Agropecuária Brasileira, que foi desenvolvido pela Agroicone e trouxe contribuições importantes construção e mensuração do alcance de políticas climáticas no Brasil.

Assista o vídeo do BLUM e conhecer mais sobre as funcionalidades do modelo.

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