AUTORES
Arnaldo Carneiro Filho, Karine Machado Costa, Mariane Romeiro, Marcelo Oliveira
O Cerrado ocupa praticamente um quarto do território do brasil. Com essa extensão territorial, o bioma comporta uma grande variedade de ecossistemas e possui uma grande importância em termos de biodiversidade (é um dos hostspots de biodiversidade do mundo) e recursos hídricos (é berço das nascentes de três das principais bacias hidrográficas o país). Ao mesmo tempo, é um dos principais territórios agrícolas do país (comporta 52% da área de soja plantada no Brasil) e possui 30% do seu território ocupado por pastagens. A grande oportunidade de expansão e a necessidade de conservação geram um conflito de interesse entre as diferentes demandas por território. Em consequência, o bioma possui altas taxas de desmatamento. Somente no período entre 2007 a 2014, a expansão da agricultura foi responsável por 16% do desmatamento.
Com o objetivo de planejar a ocupação deste território conciliando os dois diferentes olhares que se voltam sobre ele: o da conservação e o da expansão agrícola, são apresentadas diferentes análises territoriais para auxiliar no cumprimento da Lei de Proteção da Vegetação Nativa e das metas de AICHI para o bioma.
Essas diversas soluções têm por objetivo auxiliar o planejamento territorial do Cerrado de forma a evitar a conversão desnecessária de novas áreas de vegetação, principalmente em áreas inadequadas para a agricultura e importantes para a biodiversidade, uma vez que o processo de intensificação da pecuária pode liberar áreas suficientes para comportar as demandas de território para expansão e recuperação. Também é necessário estabelecer estratégias de proteção das áreas de vegetação ainda existentes. Parte dessa proteção pode ser realizada por meio do mecanismo de compensação de Reserva Legal, mas é urgente a necessidade do estabelecimento de novas áreas protegidas, públicas ou privadas, e de mecanismos de pagamento por Serviços Ecossistêmicos, que incentivem essa proteção. As soluções apresentadas neste estudo podem ser aplicadas para guiar políticas públicas e indicar grandes regiões onde cada estratégia é possível. Análises detalhadas e em escala local devem ser realizadas para fins de implementação.