O Brasil pode se tornar um grande produtor de biocombustível de aviação fabricado a partir de resíduos, como é o caso do bagaço e palha de cana-de-açúcar que restam dos processos industriais do etanol, do sebo bovino, de resíduos das florestas plantadas de eucalipto, de gases da indústria siderúrgica e até mesmo do óleo de cozinha usado.
Em parceria com a Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB) e Universidade de Campinas (Unicamp), a Agroicone desenvolveu um estudo com objetivo de verificar a disponibilidade, localização e potencial das matérias-primas que podem ser usadas para a produção de biocombustível sustentável de aviação (SAF, sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuel).
Atualmente, um dos maiores desafios para descarbonização da aviação comercial é a substituição do querosene de aviação por fontes mais sustentáveis. O objetivo do setor de aviação civil é reduzir as emissões em 50% até 2050 e o uso de SAF é essencial para atingir esta meta.
A cana-de-açúcar se destaca como maior potencial na disponibilidade de resíduos. Os resíduos da cana incluem palha atualmente deixada no campo e bagaço nas usinas. Usos mais eficientes desses resíduos poderiam disponibilizar aproximadamente 31,4 milhões de toneladas de bagaço e 29,9 milhões de toneladas de palha, que podem aumentar significativamente a produção de SAF – sem qualquer prejuízo à saúde do solo, produção de alimentos ou geração de bioeletricidade. Havendo viabilidade econômica, esse material poderia fornecer o equivalente a 90% de toda a demanda de querosene no Brasil.
O próximo passo é avaliar sob quais condições os biocombustíveis terão competitividade comercial com o fóssil, tema que está atualmente sendo desenvolvido em um novo estudo, também em parceira com RSB, onde também serão analisadas outras rotas de produção como etanol de milho de 2ª safra e de cana de primeira geração.
A RSB divulgou nota sobre resultados do estudo.