O desafio do financiamento climático na COP26

Na 26ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), em Glasgow, na Escócia, as nações enfrentam importantes desafios para viabilizar o compromisso do financiamento climático aos países em desenvolvimento e para definir as regras do mercado de carbono.

Desde a COP15, realizada em Copenhagen em 2009, os países desenvolvidos assumiram o compromisso de contribuir com US$ 100 bilhões ao ano a partir de 2020 para apoiar os países em desenvolvimento nos investimentos necessários para mitigação e adaptação para as mudanças do clima. Todavia, como esse compromisso não foi cumprido, um dos desafios de negociação da COP26 é sobre viabilizar esse financiamento, aumentar as metas de financiamento e criar um processo objetivo de captação de recursos e financiamento que permita com que as Partes adotem medidas no contexto de suas NDC.

A questão do financiamento é um dos pontos mais críticos para avançar na agenda do clima, pois sem recursos não é possível para a maioria das nações a transformação para uma economia verde. A confiança das Partes na decisão sobre financiamento também é decisiva para as negociações sobre a definição de regras para o mercado de carbono, previsto pelo Artigo 6º do Acordo do Paris.

O Artigo 6º estabelece os mecanismos cooperativos que permitirão gerar e transacionar créditos de carbono como forma de ajudar os países e atores privados a reduzir emissões. Os temas mais controversos tratam de como evitar a dupla contagem das ações que geram créditos de carbono, conhecida como dupla contagem. Além disso, o debate sobre a transição dos projetos e metodologias, bem como créditos gerados no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, para o Artigo 6.4. Espera-se fechar os pilares do Artigo 6 na COP26, e definir detalhes sobre metodologias, registro, emissão dos créditos, dentre outros aspectos, a partir de 2022.

No início da COP26 o Brasil apresentou formalmente ao Secretariado da UNFCCC sua meta de neutralidade de emissões até 2050 e anunciou uma nova meta de redução de emissões de 50% até 2030 considerando os níveis de 2005. O Ministério do Meio Ambiente apresentou o documento “Diretrizes para uma estratégia nacional para neutralidade climática” reunindo um conjunto de ações que permitirão criar uma transição para uma economia de baixo carbono.

Dentre as ações citadas o Brasil se comprometeu a eliminar o desmatamento ilegal até 2028, estabelecendo metas intermediárias que visam coibir a conversão ilegal de vegetação nativa e valorizar a conservação e a restauração de vegetação.

Além disso, o Brasil apresentou o ABC+ como estratégia da agropecuária diante do Acordo de Paris, com um potencial de alcançar 1.1 bilhão de toneladas de CO2eq até 2030 e atingir 72 milhões de hectares de áreas adotando as tecnologias e práticas que permitem reduzir emissões e proporcionar a adaptação dos sistemas produtivos.

Em 2022 o Brasil deverá apresentar a atualização de sua NDC, considerando as novas metas e compromissos assumidos durante a COP26. Isso será fundamental para nortear a implementação e mensuração das ações que devem contribuir com as metas brasileiras, o que é fundamental para a transparência e credibilidade das ações do Brasil junto ao Acordo de Paris.

 

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