O Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal é uma aliança entre organizações para o desenvolvimento sustentável de 25 municípios em Mato Grosso (que inclui os 3 biomas do estado) que tem a agropecuária como base da sua economia. Em 2019, a Agroicone e a WWF-Brasil finalizaram um plano de negócios aplicável às pequenas propriedades para fomentar a pecuária leiteira, incorporando tecnologias de baixo carbono e recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP), com a perspectiva do interesse de financiamento pelas instituições financeiras (Bankable Project).
Embora a pecuária leiteira seja representativa na região, verificou-se, a partir de um estudo, a baixa produtividade nas propriedades ali situadas, com saída de produtores da cadeia em razão do baixo retorno econômico. Esse estudo envolveu uma pesquisa de campo com 30 produtores e uma cooperativa local. A produtividade atual é de 1.342 litros/vaca/ano, muito abaixo dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, que alcançaram produtividade média até duas vezes e meia maior, de 3.150 litros/vaca/ano em 2017.
Considerando esse cenário, o plano de negócios propõe aumentar a produtividade incorporando práticas produtivas de baixo impacto ambiental (tecnologias de baixo carbono) e regularização perante o Código Florestal, incluindo melhorias como recuperação de pastagem na propriedade, tratamento de dejetos da sala de ordenha com a instalação de esterqueira e aproveitamento de biofertilizante no pasto, plantio de capineira para alimentação dos animais, investimento em infraestrutura, instalações, maquinário e recuperação da vegetação nativa nas APPs.
Segundo o pesquisador da Agroicone que participou desse projeto, Gustavo Palauro, o projeto tem viabilidade financeira: “O período de retorno calculado para o investimento aplicado é de 7 anos e 4 meses, com uma taxa de retorno estimada de 9,05%, um percentual atrativo e que está acima da TMA de 6,5% para o investidor. O projeto tem um potencial de impactar 240 pequenos produtores de leite da região avaliada.”
O horizonte previsto para execução do projeto, com governança da Agroicone, WWF-Brasil, da cooperativa e dos produtores ligados avaliados, é de 10 anos, com previsão de alcançar produtividade máxima de 15 litros/vaca/dia a partir do quinto ano. “Trabalhamos em um programa piloto que se mostre economicamente viável e atrativo, e que pode ser base para alavancar a cadeia do leite na região com sustentabilidade”, afirma Palauro. A próxima etapa é buscar financiamento e parceria de organizações para a implementação do projeto.