A participação da Agroicone na 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) se estendeu para além do acompanhamento das negociações internacionais que foram realizadas no parque de exposição Le Bourget, nos arredores de Paris.
Representantes da organização estiveram em eventos promovidos por entidades dos setores público e privado do Brasil que ocorreram na capital francesa, paralelamente à programação oficial da Conferência.
Nos dias 2 e 3 de dezembro, o diretor geral da Agroicone, Rodrigo Carvalho Lima, participou dos encontros realizados pela Raízen, empresa líder no setor sucroenergético brasileiro. Na oportunidade, foi apresentado um estudo elaborado pela Agroicone que evidencia a contribuição da participação do setor sucroenergético na redução dos gases de efeito estufa, por meio da produção de energia renovável (etanol e bioeletricidade) e na implementação do Código Florestal no setor.
A análise mostrou que, havendo políticas adequadas, a Raízen sozinha poderia mitigar 142 milhões de toneladas de CO2eq entre 2015 e 2030– o que equivale a um ano de emissões do setor de transportes de um país como a França. Adicionalmente o desenvolvimento de políticas de incentivo para este setor é essencial no cumprimento da meta brasileira de redução de emissões, já que ele contempla a produção de biocombustíveis; produção de energias renováveis; e proporciona o uso adequado da terra.
Já a pesquisadora sênior da Agroicone, Laura Barcellos Antoniazzi, participou do lançamento da estratégia “Produzir, Conservar e Incluir” do Estado do Mato Grosso, realizado pelo governador Pedro Taques, no dia 7 de dezembro. No lançamento, foram mostradas metas robustas de restauro florestal (2,9 milhões de hectares), zerar o desmatamento ilegal no estado até 2020, e converter 6 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade. Estas e demais metas da estratégia têm alto potencial de redução de gases de efeito estufa, 6Gt de CO2eq. até 2030.
A Agroicone participou do desenvolvimento da estratégia, junto a outras organizações da sociedade civil e do setor produtivo, em uma iniciativa única para conciliar o aumento da produção agrícola com a conservação ambiental, além de inclusão social e geração de renda para o Mato Grosso. A iniciativa, com liderança governamental e participação multistakeholder, precisa agora ser implementada e, para tal, precisa atrair investidores e parceiros brasileiros e internacionais.
Vale destacar que cadeias globais de fornecimento, governos e organizações conservacionistas estão cada vez mais dispostas a fortalecer programas estratégicos como o que foi apresentado pelo Governo de Mato Grosso, o que pode tornar tal estratégia um modelo concreto de conservação ambiental aliado a desenvolvimento econômico.
Eventos e cerimônias dos setores público e privados durante a COP podem ser tão relevantes quanto a negociação oficial e estão cada vez mais ganhando espaço na agenda. Isto porque está claro que grande parte da implementação das iniciativas e ações acordados nas conferências de clima serão lideradas de fato por governos subnacionais, empresas e investidores. O reconhecimento da importância destes atores foi, inclusive, mencionado no Acordo de Paris e nas falas dos principais líderes mundiais. Cooperação entre países – e também entre diversos setores da sociedade – é o caminho para colocar em prática o histórico pacto climático da COP21.